Não podemos deixar a crise dominar a pauta das empresas e das pessoas. Se os líderes não agem, elas acordam toda manhã imersas num país em crise e vão trabalhar nesse espírito.
É exatamente o contrário do que precisamos agora. As pessoas têm que ir trabalhar com foco, com pauta, com metas adequadas para este momento.
É hora de consertar o que dá para ser consertado da porta para dentro da empresa. Os governos, as instituições e as associações vão trabalhar para melhorar o que está da porta para fora.
Os Estados Unidos, país vencedor e líder, e suas empresas, também vencedoras e líderes, enfrentaram uma crise enorme em 2008 e foram em busca de produtividade, de novas fontes de energia, do desenvolvimento com alta tecnologia. Resultado: os Estados Unidos estão de volta, a todo vapor.
O Brasil vai voltar também, mais rápido ou mais devagar, a depender dos caminhos tomados, dos erros e acertos da caminhada.
Os líderes erram muito e erram sempre. Juscelino Kubitschek, um presidente inovador, costumava dizer que com erro não há compromisso. As pessoas às vezes passam muito tempo na defensiva, tentando justificar os erros, quando é muito mais fácil aprender com eles e seguir em frente.
O líder tem que servir à empresa, e não o contrário. Quando se está numa empresa pequena, o líder pode arrogantemente achar que ela existe para servi-lo. Mas, quando a empresa cresce, fica claro que é o líder que deve servi-la.
O líder não precisa ter razão, ele precisa ter sucesso. E precisa de orelhas. Ouvir os outros com atenção é ferramenta poderosa da liderança.
A crise é um chamamento à liderança. Os americanos dizem que há três fases na vida: "Learn, earn, serve" (aprender, ganhar, servir). Cada vez mais empresários e profissionais estão entendendo seu papel institucional e se ocupando também das coisas do país. A produtividade, fundamental para o desenvolvimento, é uma pauta que está dentro das empresas e fora delas. A inflação e os juros, também.
A atividade empresarial associativa é ainda mais importante agora para promover um debate que não deve ser somente horizontal. Ele tem que ser vertical, transversal, universal.
A cooperação é fundamental, como disse o presidente Clinton recentemente. É trabalhando juntos que vamos encontrar os caminhos.
O potencial do Brasil é enorme. Olho pela publicidade. Temos brasileiros espalhados no mundo inteiro nos cargos mais relevantes da nossa indústria. Somos como aqueles corredores que ficam correndo a pé pelas montanhas e, quando calçam um par de tênis, ganham tudo e quebram recordes.
Vamos calçar pautas abrangentes, unindo as universidades às empresas, as políticas públicas às necessidades privadas, os empresários aos trabalhadores, os políticos à sociedade.
Vamos olhar para o mundo com novos olhos e novos pensamentos. Vamos olhar para o óbvio. Para isso, a crise é boa.
Só mais uma coisa: é claro que os desafios são grandes, muito mais difíceis e complicados que este artigo pressupõe. Por isso, quando desanimo, minha mulher sabiamente diz: releia seus próprios artigos.
Fonte: Nizan Guanaes F.São Paulo 26/05/2015
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